Cícero Ferreira

Agente de Desenvolvimento Local de Cedro de São João/SE


Quando era secretário municipal de Cultura em São Francisco (SE), Cícero Ferreira foi indicado pelo prefeito para assumir a função de Agente de Desenvolvimento. Fez o curso do Sebrae, preparou-se e, em seguida, quando a eleição chegou, um candidato da oposição venceu a disputa. Como ocorreu em outros municípios pelo país, o agente foi dispensado pela nova administração. Cícero não se conformou.

Decidido a incorporar o papel de Agente de Desenvolvimento, ele procurou outro município da região para colocar em prática o treinamento recebido. Assumiu o posto em Cedro de São João (SE).  À frente do Ponto do Empreendedor, Cícero aprimora a sua experiência na gestão municipal, já tendo trabalhado em três municípios. “Em menos de nove meses de atuação, entre fevereiro − quando fui nomeado − e setembro de 2013, conseguimos implementar a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa”, destaca.

Cícero orgulha-se também de outras conquistas: “Fizemos o primeiro plano de ação do Baixo São Francisco, o Paem (Plano de Ação Estratégica Municipal), e temos o primeiro Comitê Gestor instalado em Sergipe”.

Entre essas realizações, ele vem executando ações como a do Projeto Compre Legal no Comércio Local. Realizado em parceria com a Unidade de Desenvolvimento Territorial do Sebrae/SE, tem como objetivos não só a formalização de empreendedores e o acesso deles às compras feitas pela prefeitura, mas também a sensibilização da população para a importância de escolher fornecedores locais.

Cícero Ferreira no Encontro Regional dos Agentes de Desenvolvimento do Norte e do Nordeste, em Salvador/BA (Foto: Lotus)
Por meio dessa iniciativa, os empreendedores locais tiveram acesso a palestras sobre detalhes do processo de formalização de microempreendedores individuais e sobre compras governamentais. Em Cedro, inúmeras empresas locais já estão participando dos processos licitatórios da prefeitura. São fornecedores de alimentos, mercadinhos, mercearias, confeitarias, padarias e farmácias, orientadas de forma a se adequar às exigências das licitações.

Cícero explica: “O Projeto Compre Legal no Comércio Local tem como foco ampliar essa participação, ou seja, sedimentar na cabeça dos empreendedores e empresas que existe uma oportunidade de mercado que pode ser aproveitada e que traz benefício para a cidade como um todo”.

Projeto Compre Legal no Comércio Local estimula a formalização de empreendedores e o acesso delas às compras públicas (Foto: Divulgação)
Formado por 14 municípios que concentram 123 mil habitantes em uma das regiões mais pobres de Sergipe, o Baixo São Francisco está colhendo resultados do trabalho de agentes de desenvolvimento como Cícero. Eles começaram a aparecer com dois projetos do Sebrae em parceria com as prefeituras. Primeiro, o Pacto de Cooperação, que trabalhou na sensibilização e na organização de setores produtivos e públicos para a regulamentação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. Na sequência, o projeto Territórios da Cidadania, focado no desenvolvimento e na sustentabilidade dos pequenos negócios.

Em poucos meses de trabalho, Cícero Ferreira conseguiu formalizar dezenas de empreendedores individuais e empresas. “Realizei uma campanha para cadastramento e mapeamento das empresas existentes na cidade”, conta. “Fui às ruas conhecer o empresariado e aplicar o diagnóstico. Hoje são 160 formalizados, entre Micro e Pequenas Empresas (MPE) e Microempreendedores Individuais (MEI).”

Ao trabalhar pela facilitação do acesso dos pequenos negócios às compras das prefeituras e pela desburocratização, ele já conseguiu formar uma rede de instituições e cidadãos dispostos a atuar em conjunto por uma agenda comum para o desenvolvimento do município.

Conforme o prefeito de Cedro de São João, Claudionor Vieira de Melo, o trabalho de mapeamento feito pelo Agente de Desenvolvimento revelou muitos empreendedores que existiam de fato, mas não de direito. “A formalização e capacitação desses empreendedores abriu novos caminhos para obtenção de renda e serviu de estímulo para outros”, reconhece. “Além disso, a participação de representantes da comunidade nas câmaras setoriais foi importante para as pessoas perceberem como é difícil e delicado construir um projeto de desenvolvimento.”

Para os empreendedores formalizados, os resultados logo começaram a aparecer. Grace Melo, uma sacoleira que vendia cosméticos e vestuário, ampliou a clientela e a variedade de produtos após a formalização. “Como pessoa física eu pagava impostos altos quando comprava produtos e nem conseguia ter acesso direto à maioria dos fornecedores porque eles só vendiam para quem tinha CNPJ”, lembra. “Depois de formalizada, os revendedores é que vêm à minha porta oferecer os produtos, e assim eu fui ampliando a quantidade e a variedade de coisas para encantar meus clientes e atrair outros.”