Em 6 anos, número de microempreendedores individuais mais que dobra em Franca, SP

23/04/2019 • Notícias

Em seis anos, o número de microempreendedores individuais (MEIs) registrados em Franca (SP) mais do que dobrou, segundo dados divulgados ao G1 pelo Sebrae-SP.

A alta, que acompanha uma tendência nacional, repercute em um total de 18.453 novos empresários cadastrados até março deste ano, 119,21% a mais na comparação com 2014.

Desde então, as inscrições têm crescido a taxas anuais de até 26,14%. Além do desemprego, que leva ao que se denomina empreendedorismo de necessidade, o consultor do Sebrae Carlos Alberto Araújo enxerga nas vantagens da regularização cadastral um atrativo para quem quer deixar a informalidade.

“As pessoas estão procurando formalizar essas atividades pra poder ter acesso a capacitação, planejamento, acesso a crédito, para poder por exemplo atuar com empresas que exigem a emissão de documento fiscal. Há várias empresas que contratam serviços ou compram produtos que não podem comprar de quem não esteja formalizado”, explica.

Do total de microempreendedores de Franca, o comércio varejista voltado a artigos de vestuário é o ramo que mais atrai novos empreendedores, com 1.607 empresas, seguido por cabeleireiros, com 1.433, obras de alvenaria, 916, e acabamento de calçados de couro sob contrato, com 799 cadastros ativos.

Há dois anos e meio, o designer Luiz Felipe Junqueira Neto, de 35 anos, formalizou seu negócio voltado ao desenvolvimento, confecção e venda de joias em prata e acessórios em couro femininos e masculinos. A decisão lhe rendeu desde então um aumento de 60% nas vendas, feitas no atacado e no varejo, com aposta no e-commerce e divulgação nas redes sociais.

“Eu trabalhava, mas não tinha CNPJ, não tinha um registro. Com isso tudo eu consigo ter mais fornecedores, posso ter mais descontos em mercadorias, automaticamente posso ter uma conta jurídica no banco, são vários benefícios”, diz.

Hoje, todo o trabalho, que inclusive atende outras empresas, é realizado em um escritório de coworking. O próximo passo, segundo ele, é ampliar a produção e elevar seu negócio ao status de micro-empresa.

“Estou tendo tanta procura que deixo de fazer coisas para ter uma produção certa. Tem alguns pedidos que chegam para mim que tenho que limitar”, diz.

Planejamento de mercado

Ao mesmo tempo em que atrai novos registros, a facilidade de se tornar um microempreendedor individual – isso é possível presencialmente no Sebrae, mas também pela internet – revela, em muitos dos casos, um despreparo inicial dos empreendedores para os desafios do mercado, afirma o consultor do Sebrae.

A começar pelo modelo de negócio, nem sempre possível de ser realizado, mesmo quando regularizado.

“As pessoas vão lá e abrem, então constitui-se um CNPJ, mas elas não têm noção ou conhecimento de quais são as outras leis, as normas municipais, estaduais, e acabam trabalhando de forma legal, mas em alguns momentos acontece até alguma irregularidade por desconhecimento disso”, diz Araújo.

A falta de planejamento, muito em razão da urgência financeira de se começar a atuar, é também um dos desafios de quem busca empreender, segundo o consultor.

“Abrir o negócio e juridicamente estabelecê-lo como microempreendedor individual é fácil, mas a questão é quando a pessoa se depara com a realidade do mercado. A pessoa geralmente entra despreparada na gestão da empresa sem foco em empreendedorismo, planejamento, relacionamento com cliente, controles financeiros.”